quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A cura

“Onde estão os médicos que nos tinha prometido, isto era novidade, as autoridades tinham prometido médicos, assistência, talvez mesmo a cura completa. O médico não disse que se precisassem de um médico o tinham ali, Nunca mais o diria. A um médico não bastam as mãos, um médico cura com fármacos, drogas, compostos químicos, combinações disto e daquilo, e aqui não há rasto deles, nem a esperança de os conseguir.”*


Descobri-me palavra e anos depois me descobriria curandeira
É bem verdade que ainda busco algumas soluções em consultórios
Mas como percebi o já existente, o infinito, tenho todo ele além da dor
E sendo eu curandeira
Refrigero-me com minhas composições
Que às vezes nada têm de poéticas.


A curandeira
Procura
Em toda parte
A cura
Que de andeja
Não deixa que eu a veja
Espero eu
Que ela esteja
A refrigerar algum amigo meu.



*Pagina 73 e 74 do livro ensaio de uma cegueira, de José Saramago, Prêmio Nobel de Literatura.

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